QUANDO TUDO PAROU, O SOL CONTINUOU A TRABALHAR. MAS PARA QUEM?

Apagaram-se as luzes e começaram a chover as notícias falsas pelas poucas formas de comunicação que tínhamos. As primeiras horas do dia 28 de abril foram tudo menos normais, com a loucura da corrida aos supermercados e a procura pelas velas, lanternas e powerbanks perdidas em casa. Houve, no entanto, quem não tenha chegado a sentir os efeitos do apagão geral que afetou a Península Ibérica, como algumas pessoas com painéis solares em casa. Mas por que não todas?

Foram muitos os portugueses a quem também falhou a energia em casa, apesar de esta estar equipada com sistemas fotovoltaicos. Isto acontece devido aos inversores dos sistemas ligados à rede. Estes precisam que exista uma tensão e uma frequência estável para se poderem sincronizar e começar a produzir eletricidade. Quando há uma falha na rede elétrica, os inversores deixam de funcionar, pois não têm como se sincronizar.

Além disso, existe também a questão da segurança, que implica que, quando há um apagão, os inversores tenham de se desligar automaticamente para evitar que continuem a alimentar a rede, colocando em risco os técnicos que estejam a fazer reparações ou manutenção. Em Portugal, esta exigência está prevista pela norma VDE-4105:2018.

Então, mas, se sofri com o apagão, por que razão o meu vizinho do lado, com os mesmos painéis solares, não sofreu?

Há duas razões para isso: as baterias e o sistema de back-up.

As baterias permitem armazenar a energia excedente produzida durante o dia, que poderá ser utilizada à noite ou até mesmo em dias nublados. Estas também podem ser programadas para carregar a partir da rede pública quando não há falhas de energia. Quando as condições climatéricas não permitem que os módulos solares capturem energia, é às baterias que os inversores a vão buscar. Já a sua durabilidade, tem a ver com a capacidade das baterias e claro, da sua utilização,

Por sua vez, o sistema de back-up, também chamado de caixa de comutação, permite isolar o inversor da rede pública quando há cortes de energia, possibilitando a produção autónoma de energia sem violar as normas de segurança.

Os raros casos de pessoas que não sentiram a falha de energia deveu-se a estarem equipados com um sistema de baterias e/ou de back-up, que permitiu que a habitação se desligasse da rede pública e que produzisse eletricidade de forma autónoma.

Tenho painéis solares, mas não tenho nem bateria nem sistema de back-up. E agora?

Ainda não é tarde. Ambos podem ser comprados e instalados à parte, tendo, no entanto, de ser certificados por entidades como a Direção-Geral de Energia e Geologia (DGEG) e o ISQ. O sistema de back-up tem um custo mais baixo, mas em caso de novo apagão, só temos energia enquanto houver luz solar suficiente. A bateria, apesar de mais dispendiosa, acaba por ser mais segura, pois permite armazenar a energia e usá-la em qualquer altura. Podem ser usados em simultâneo.

Se tem painéis solares e, ainda assim, ficou às escuras, como o resto do país, agora já sabe o motivo. O melhor é apostar em baterias e num sistema de back-up, para nos certificarmos de que nada falha e que tem sempre energia em casa.

2025-05-09T16:11:36Z