O RESTAURO DO TEMPLO DE EDFU REVELA AS SUAS CORES ORIGINAIS

Este foi um dos vários templos construídos durante o período ptolemaico no Egipto. O santuário começou a ser construído durante o reinado dePtolomeu III Evérgeta (246-221 a.C.) e foi concluído em 57 a.C., durante o reinado de Ptolomeu XII Auleta (80-51 a.C.), pai da famosa rainha Cleópatra VII. 

Dedicado ao deus falcão Hórus, o Templo de Edfu, um dos templos mais bem conservados do Egipto, apresenta magníficas gravuras e inscrições que fornecem aos egiptólogos informações valiosas sobre a língua, a mitologia e a religião durante o período helenístico. 

No decurso do projecto de restauro do telhado do Templo de Hórus, uma colaboração entre uma missão arqueológica do Conselho Superior de Antiguidades do Egipto e a Universidade de Wurtzburgo, na Alemanha, revelou pela primeira vez as cores originais utilizadas pelos antigos artesãos egípcios para decorar as paredes do templo.

Folhas de ouro e cobre

O Ministro do Turismo e das Antiguidades do Egipto, Sharif Fathy, declarou em comunicado que “o trabalho meticuloso de remoção da fuligem e da sujidade acumuladas ao longo dos anos foi crucial para restaurar as cores originais e devolver ao templo o seu antigo esplendor”.

O projecto de restauro do tecto e das paredes do Templo de Hórus trouxe, assim, à luz paisagens coloridas, bem como algumas inscrições escritas em demótico, um sistema de escrita utilizado pelos sacerdotes egípcios da época. Foram também documentados vestígios do pigmento dourado que era utilizado nos relevos para embelezar jóias, símbolos reais, bem como os corpos dos deuses representados nas paredes.

Ayman Ashmawy, chefe do Departamento de Antiguidades Egípcias do Conselho Supremo de Antiguidades, explicou que “as inscrições do templo revelam que algumas das suas estruturas foram cobertas com espessas folhas de cobre dourado, embora actualmente apenas restem pequenos orifícios nas paredes que sugerem a sua presença. A equipa germano-egípcia conseguiu encontrar vestígios deste material dourado na parte superior das paredes do santuário do barco sagrado do templo”.

uma inscrição em demótico

Martin A. Stadler, director do projecto e chefe do Departamento de Egiptologia da Universidade de Wurtzburgo, sublinhou também “a grande qualidade das cores”, apontando uma descoberta excepcional: “Um texto demótico escrito a tinta que descreve a entrada dos sacerdotes no sanctum sanctorum (o lugar mais sagrado do templo), um achado único, pois normalmente os escritos pessoais encontram-se nas zonas exteriores do templo, e não na sala onde se guardava a estátua do deus e a embarcação sagrada. Este achado abre novas perspectivas sobre as práticas religiosas dos sacerdotes no período ptolemaico.

Victoria Altmann Wendling, directora-adjunta do projecto e investigadora da Universidade de Wurtzburgo, sublinha que “a descoberta das cores originais permitiu conhecer melhor as inscrições hieroglíficas e as cenas, que antes não eram visíveis devido à erosão causada pelo tempo. Esta descoberta conferiu também ao santuário uma atmosfera única, sobretudo quando a luz do sol penetra no seu interior”, conclui.

2024-09-19T17:07:51Z dg43tfdfdgfd