COSTUREIRO MIGUEL LEITE: "O QUE EU FAçO é UM LUXO. E O LUXO é PARA QUEM PODE PAGAR"

À margem da abertura de um novo espaço em nome próprio em Guimarães, o costureiro Miguel Leite fala sobre a importância de distinguir a qualidade de uma peça comprada numa loja de fast fashion e uma peça feita por medida num atelier.

Em entrevista à SELFIE, o costureiro Miguel Leite sublinha a importância de distinguirmos a qualidade das peças para, depois, decidirmos se estamos dispostos a investir.

"As pessoas não podem mandar fazer uma peça por medida e esperar que tenha o mesmo preço. Eu costumo dizer: 'Cobro isto, porque apresento isto. Se querem mais acessível, não consigo fazer, nem compensa fazer.' Não podem esperar um vestido de 50 ou 100 euros. Há o atendimento inicial, há que tirar as medidas, há que eleger o modelo... Estamos ali uma hora. Depois, há o fitting e temos de decidir o que vai usar. Depois, há uma prova final. Portanto, estamos a falar de umas três horas. É o meu tempo, os tecidos, o forro, o fecho, o trabalho... Quereres ir a um atelier para teres um vestido exclusivo, que é só teu, e quereres pagar o mesmo que pagas na Zara não faz sentido. Eu costumo dizer que a moda vai da Prada à Primark, mas temos de ter o mínimo de noção", começa por sublinhar.

Na ótica do costureiro, o que está a acontecer é bem claro, mas nem por isso Miguel Leite se desvia do foco: "As costureiras que têm ateliers em casa fazem vestidos a imitar o que veem nas televisões e nas redes sociais, sem forros, só com bainhas à maquina, por preços irrisórios. Isso estraga tudo. Mas tu tens de criar o teu público. Tens de perceber que não podes atender toda a gente, que só podes atender quem realmente pode pagar. O objetivo é elevar. Se eu me empenho num vestido e na minha cliente, tenho de cobrar um valor que seja justo. As pessoas já desvalorizam, por isso, se eu aceitar é porque também não me estou a valorizar, é porque acho que não valho mais do que aquilo. Tenho de me valorizar, de me posicionar. Depois, só vai quem pode realmente comprar."

"Isto não é um bem essencial. O que eu faço é um luxo. E o luxo é para quem pode pagar. Não está acessível a todas as pessoas", conclui.

Leia a entrevista com Miguel Leite na íntegra.

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